30 novembro 2010

Iº Congresso da Confederação Portuguesa do Voluntariado

CONFEDERAÇÃO PORTUGUESA DAS COLECTIVIDADES DE CULTURA, RECREIO E DESPORTO

Iº Congresso da Confederação Portuguesa do Voluntariado
Notas de apoio aos Dirigentes Associativos Voluntários

Caros Colegas

A participação de Dirigentes Associativos Voluntários no Iº Congresso da Confederação Portuguesa do Voluntariado, à qual presidimos a Mesa da Assembleia-geral, será uma grande oportunidade de conhecermos outras realidades de voluntariado e de transmitirmos as nossas experiências no âmbito do voluntariado cultural, recreativo e desportivo.

Foram vários os colegas que solicitaram alguns dados gerais para que as nossas intervenções escritas ou orais, pudessem conter um padrão. Nesse sentido, a Direcção Nacional da Confederação ontem reunida, deliberou:

1. Promover a participação no Congresso com o maior número de participantes, apesar do conjunto de outras acções e iniciativas que se realizam na mesma altura;

2. Que os participantes da Confederação e estruturas descentralizadas, apresentem comunicações por escrito tanto quanto possível para poderem constar em possíveis documentos para o futuro;

3. Que cada Dirigente Associativo participe de forma activa nos trabalhos, particularmente nos painéis previstos durante a tarde de sábado;

4. Que possamos demonstrar as particularidades do nosso voluntariado, através das experiências concretas, tais como:

- Tal como as Misericórdias e as Mutualidades, somos das entidades mais antigas no apoio social aos mais desfavorecidos, dando a oportunidade se valorizarem cultural/mental e desportivamente/saúde;

- Somos um movimento de voluntariado cultural, recreativo e desportivo, disseminado por todo o país com mais de 29.300 colectividades em todas as áreas de intervenção;

- Somos um movimento que intervém sobretudo na fase de prevenção de riscos uma vez que as nossas actividades mobilizam crianças, jovens, adultos e idosos que através das nossas actividades, são socialmente incluídos, diminuindo assim os riscos de exclusão social;

- Somos um movimento de voluntários dirigentes e não apenas "actores dirigidos" o que implica uma forma de estar e de assumir as responsabilidades diferentes de quem não tem a responsabilidade de dirigir. Em média, existem 15 Dirigentes por cada colectividade/associação, legitimados por eleição directa e secreta em Assembleia-geral;

- Somos um movimento de voluntários de média e longa duração, o que pressupõe um compromisso temporal alargado e não apenas a participação casual uma ou duas vezes por ano. A grande maioria dos dirigentes associativos tem mais de dez anos de voluntariado. Existem milhares de voluntários associativos com mais de 50 anos de voluntariado cultural, recreativo e desportivo;

- Somos um movimento voluntário onde a iniciativa de ser voluntário parte das suas próprias necessidades e, a partir daí, solidariza-se com as necessidades dos outros e trabalha conjuntamente para a sua resolução assumindo uma atitude empreendedora;

- Somos um voluntariado que, em média, damos 7 horas de trabalho voluntário, por semana às nossas instituições de acordo com o estudo da Universidade Lusófona o que pressupõe um compromisso muito regular;

- Os voluntários nas associações de cultura, recreio e desporto, desempenham um papel social directo pela sua acção mas também porque apoiam muitas crianças e jovens que na prática das actividades associativas, têm complemento alimentar regular.

Os dirigentes associativos voluntários da Confederação deverão dar contributos para as conclusões e recomendações que vierem a ser adoptadas pelo Congresso pelo que se sugere que cada colega apresente propostas. No entanto, adiantamos as seguintes ideias:

- A nível interno da Confederação Portuguesa do Voluntariado - alargar o número de adesões à Confederação do Voluntariado; debater regularmente os aspectos comuns ao voluntariado; tomar posição conjunta sobre as questões que dizem respeito ao voluntariado; apoiar as instituições de voluntariado em dificuldades; apoiar-se mutuamente através de permuta de projectos transversais; gerar circuitos de realimentação do 3º sector da economia social e solidária; representar expressões de voluntariado que por alguma razão não tenham assento em órgãos de consulta; reforço da cooperação entre as várias entidades promotoras de voluntariado de forma a potenciar as intervenções de prevenção e as intervenções de fase terminal; empenhamento no Ano Europeu do Voluntariado-2011, nos seus objectivos centrais e nas realizações concretas de cada entidade promotora de voluntariado.

- A nível externo da Confederação do Voluntariado - recomposição e redefinição das competências do CNPV - Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado; realização de um recenseamento das instituições de voluntariado e de voluntários existentes em Portugal sem exclusão de nenhuma das suas vertentes; estudo do valor económico do voluntariado e do trabalho voluntário em Portugal; investimento público no voluntariado de prevenção e de inclusão como forma de impedir a exclusão social; definição de políticas públicas de apoio financeiro do Orçamento de Estado com verbas próprias destinadas a projectos de voluntariado; alteração da lei do mecenato de forma a alargar as possibilidades de apoio de particulares com as naturais contrapartidas para os mecenas e a sociedade; criar um portal com uma base dados nacional de voluntários onde cada voluntário se pode inscrever e beneficiar de informação, formação e credenciação de forma a obter o reconhecimento pelo seu trabalho voluntário.


Alguns números sistematizados para compreendermos melhor o que é o nosso associativismo:

- Número de Colectividades: 29.300
- Número (médio) de Dirigentes por colectividade: 29.300 X 15 = 439.500 (Direcção / 9; CFiscal / 3; MAG / 3)
- Número de Dirigentes Executivos (só Direcção): 29.300 X 9 = 263.700
- Número de horas de trabalho de 1 Voluntário associativo por ano: 7h/semana X 48 semanas = 336 horas/ano
- Valor económico do trabalho de 1 voluntário associativo por ano: 336 horas X 8,15 euros/hora = 2.738,40 euros/ano

Nota: Estes dados são retirados dos estudos feitos pela Universidade Lusófona, pela Unidade de Investigação do ISPA e do Boletim do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social.

A Confederação alerta para o facto de que, vamos estar perante várias formas de voluntariado o que constitui uma enorme riqueza do nosso país e da nossa sociedade. Não somos melhores nem piores que os outros, somos diferentes e somos parte desta riqueza que não pode ser desvalorizada ou esquecida.

30 de Novembro de 2010
A Direcção da Confederação