07 março 2011

Cineclube de Torres Novas apresenta “Dos homens e dos Deuses”

Cinema às Quartas – 16 de Março 2011

Cineclube de Torres Novas apresenta

“Dos homens e dos Deuses”



Nas suas habituais sessões de “CinemàsQuartas” no Teatro Virgínia, o Cineclube de Torres Novas irá apresentar no próximo dia 16 de Março, às 21h30 “Dos homens e dos Deuses”de Xavier Beauvois. Este filme é especialmente recente, a sua exibição pública iniciou-se em França a 8 de Setembro de 2010, depois de ter recebido o grande prémio do festival de Cannes, onde foi pela primeira vez mostrado a 18 de Maio desse ano.
O enredo, baseado em factos históricos, desenvolve-se na Argélia, durante a década de 1990, na pequena localidade de Tibhirine.
Durante a segunda metade da década de 90 a Argélia viveu em clima de guerra civil, e Tibhirine albergou um mosteiro de monges trapistas-cistercenses, do priorado da Nossa Senhora d’Atlas. Durante a noite de 26 para 27 de Março de 1996, foram raptados sete monges desse mosteiro, que seriam encontrados, já sem vida, a 21 de Maio de 1996.
As circunstâncias do seu rapto e desaparecimento têm-se revestido de alguma controvérsia, que se mantém ao dia de hoje sob investigação.
Um grupo islâmico armado (GIA) reivindicou a responsabilidade pelos raptos e assassinatos, embora o adido militar francês na Argélia à época, o general François Buchwalter, tenha declarado sob juramento que os monges foram acidentalmente mortos pelo próprio exército Argelino, durante uma tentativa de resgate e ataque à posição rebelde. Outras teses afirmam que o GIA – organização islâmica terrorista – era um organismo parcialmente infiltrado pelos próprios serviços secretos Argelinos (DRS)… Na sequência dos assassinatos, os dois monges sobreviventes abandonaram a Argélia e fundaram um novo mosteiro em Midelt, no interior de Marrocos.
A película do Francês Xavier Beauvois não se debruça porém sobre as circunstâncias hipotéticas da morte dos monges, não exibe o seu assassinato e não discorre em profundidade sobre a política circunstancial envolvente. Na verdade, o olhar de Beauvois foca-se noutra coisa: a vivência dos monges em harmonia com a comunidade local islâmica e a difícil escolha, feita em consciência, de permanência num local cada vez mais perigoso, junto das vítimas da guerra civil naquela região.
Poderá talvez afirmar-se que se trata de um filme sobre o sacrifício, mas isso dependerá finalmente da interpretação do espectador…