26 junho 2011

Camponeses sem dinheiro para o Festival de Folclore (in O Riachense)


Depois de 33 anos consecutivos, o festival de folclore de Riachos não acontece em 2011

A realização do 33.º Festival de Folclore dos Camponeses de Riachos, habitualmente levado a cabo no início de Junho, não passou de uma simples intenção. Isto porque o rancho não tem dinheiro para organizar um evento que custa cerca de quatro mil euros. Assim, os riachenses, que habitualmente enchiam o adro da igreja, não puderam este ano assistir às danças e cantares, não só do Ribatejo, mas de várias regiões do país. “Era incomportável, uma vez que o festival não proporciona qualquer tipo de receita. Não podíamos estar a gastar dinheiro que não temos”, começa por explicar Joaquim Santana, líder do grupo.
Os Camponeses estão sem desafogo financeiro porque os patrocinadores são cada vez menos, a Câmara continua sem pagar, desde 2009, o subsídio mensal de 300 euros e o número de espectáculos com cachet tem diminuído abruptamente nos últimos anos. Em 2010, Os Camponeses fizeram 20 actuações e este ano estão marcadas apenas 12. “Nem para as festas da cidade nos convidam”, lamenta. Mesmo as permutas têm sido recusadas por falta de dinheiro para o transporte.
“O dinheiro que temos é apenas para as despesas correntes. Até o telefone da sede foi cancelado”, afirma o director do Rancho, esclarecendo que o parco saldo positivo não resistirá muito mais tempo.
Joaquim Santana diz que, em 53 anos de vida, o grupo nunca passou por momentos tão difíceis: “Dantes as deslocações ao estrangeiro até davam lucro e agora nem dinheiro temos para ir ao Algarve ou ao Minho. O autocarro da Câmara é para esquecer porque fica mais caro que um alugado numa empresa”.
O Rancho é uma das poucas colectividades de Riachos que nunca teve sócios e nesta altura, Joaquim Santana considera que nem sequer vale a pena pensar nessa hipótese para angariar receita porque as pessoas não têm dinheiro.
Por outro lado, acrescenta que os espectáculos gratuitos para as colectividades riachenses também devem ter os dias contados: “Este ano se calhar será a última vez”.
Quanto ao futuro dos Camponeses, Joaquim Santana respira fundo e remata: “Não sei o que irá acontecer, mas se a crise persistir por muito tempo não prevejo nada de bom para o Rancho”. N.M.