21 janeiro 2012

Parabéns aos "Camponeses de Riachos"


”Os Camponeses” de Riachos celebraram 54 anos de uma vida que continua difícil
O Rancho Folclórico ”Os Camponeses” de Riachos juntou cerca de 400 pessoas no sábado, dia 14 de Janeiro, no jantar comemorativo dos 54 anos do grupo. Folclore, fado e bailarico foram os momentos de animação da iniciativa que decorreu precisamente no dia da fundação do rancho. A data ficou ainda marcada pela saída oficial de Joaquim Martinho (Ginete), o clarinetista de sempre d’ ”Os Camponeses”. Joaquim Santana, director, traçou ao JT o momento do rancho que procura resistir às dificuldades de tesouraria.

Há algum tempo que vem alertando para as dificuldades do rancho de Riachos. Como foi a actividade em 2011?
A actividade do rancho, se calhar, seria normal para muitos grupos, mas não para o nosso, porque fizemos muito menos espectáculos. Durante muito tempo fizemos uma média 50 por ano e nos três últimos anos tivemos uma baixa. Primeiro para metade, no ano passado para menos de metade e este ano realizámos menos de 20 actuações.

Como explica este fenómeno?
Por um lado, não fizemos o festival de folclore este ano, logo, não fizemos permutas com outros grupos. Por outro, os subsídios foram cortados, os espectáculos cada vez menos e tivemos de evitar ao máximo as despesas para manter o grupo em actividade.

Que razões levarão a um eventual ”fecho de portas”?
O nosso limite de trabalho está relacionado com os meios financeiros. A vida está difícil, as empresas estão a apoiar menos, algumas porque não podem e outras estão a falir. As associações estão a sentir na pele esta crise - deixa de haver festas, espectáculos, subsídios... é um dominó. Vamos suportando até pudermos, quando não der teremos de parar.

Colocou-se há tempos a possibilidade de se angariarem sócios, mas isso não avançou. Porquê?
Julgo que conseguiríamos arranjar uns 200 sócios mas, por um lado não chegava e por outro íamos sobrecarregar outras associações.Repare-se que, em Riachos, temos com sócios a columbófila, o Atlético, a filarmónica e outras associações... é pesado pedir à população que pague mais uma quota. No primeiro ano todos a pagariam mas tenho dúvida que nos anos seguintes continuassem a pagá-la, ou mantivessem regularizada a situação com as outras associações. Alguém sairia prejudicado.

E o número de componentes tem-se mantido?
Não temos tanta gente como já tivemos. Hoje temos um grupo normal, com 12 ou 13 pares. É um número normalíssimo para aquilo que os ranchos folclóricos representam em Portugal. Há dez anos tínhamos mais de meia centena de componentes a dançar. O nosso grupo veio para a base dos outros grupos normais, mas enquanto se mantiver o nível artístico e exibicionista, ninguém nota. A beleza do dançar está lá. Essa não é uma questão de quantidade, mas sim de qualidade.

”Julho está reservado para a Bênção do Gado, haja convite ou não”

Está entusiasmado com a festa da Bênção do Gado?
Como riachense estou entusiasmado, no entanto, entendo que a festa deve ser feita noutros moldes que não o dos últimos anos. Acho que se tem gasto muito dinheiro em coisas que não se devia gastar e penso que é altura, e a comissão da festa tem isso em conta, de haver alguma atenção para os espectáculos nocturnos. Não se pode gastar tanto dinheiro quanto se gastou nas duas últimas festas. Não é lição nenhuma para a organização, mas os valores que se pagaram, que eu nem quero dizer, não se podem repetir.

”Os Camponeses” estão disponíveis para participar?
Já tivemos convites para dançar Julho mas não aceitámos porque esse mês está reservado para a Bênção do Gado. Não vamos a mais lado nenhum, caso sejamos chamados a dançar. A organização da festa é que o dirá, mas a data está reservada para a festa, haja convite ou não.

A câmara tem uma carteira de espectáculos para cada associação. Podia passar por aí?
Penso que a Bênção do Gado pode pedir à câmara que o espectáculo do rancho de Riachos seja integrado na carteira municipal de espectáculos. Isso facilitava a organização da festa e facilitava o rancho. Embora não seja um cachet grande, sempre dá para as despesas.

O Rancho vai participar no cortejo etnográfico?
Vamos ver em que moldes. Temos participado sempre com um carro, mas este ano não sabemos como vai ser. Digo-o abertamente. Temos que ter muita cautela com os gastos.

Mas a participação no cortejo está dependente de uma actuação do grupo na festa?
Não. A comissão de festas pode entender que não há lugar para nós actuarmos. Mas não tem nada a ver com o cortejo. Vamos tentar resolver todos os problemas para participar no cortejo.

Então pode acontecer serem chamados a participar num espectáculo e não participarem no cortejo?
Pode. Depende das condições que o grupo tiver e não das condições que a festa nos vai dar. Estamos a atravessar um crise financeira que vem de há três anos. E este ano vai continuar.

Por: Élio Batista