A direcção do rancho folclórico ”Os Ceifeiros” de Liteiros teve a ousadia de fugir ao convencional nestas coisas de aniversários e, além da habitual sessão solene de comemoração da efeméride (que naquela casa é mais do que isso), foi para a rua fazer um trabalho digno de ser vist a recriação da apanha da azeitona, com almoço no campo.
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Instruções dadas, foi tempo de colocar mãos à obra, partindo o rancho de pessoas para a fazenda, ao som da cantiga ”Oliveirinha da serra”.Os mais pequenos subiram para a carroça, puxada por uma mula, que transportava ainda alguns bens necessários para a jornada. A pé, os homens empunhavam varejões, carregavam o escadote e transportavam outros equipamentos necessários e as mulheres levavam o farnel.Junto ao olival (onde só havia uma oliveira carregada, as restantes já tinham sido limpas) o pessoal dispersou e encarregou-se de efectuar a tarefa a que lhes estava destinada.Os homens trataram da apanha da azeitona: ”Está carregada. ‘Panta’ aí os panos”, ordenava um homem. ”Quem ‘arrepinha’ a azeitona com as mãos ?”, questionava pouco depois o mesmo homem, quando sobre os panos já havia ramos de oliveira caídos, com bagos de azeitona.Metros ao lado, um grupo de mulheres apanhava a azeitona que estava caída no chão e, enquanto os trabalhos decorriam, algumas crianças entretinham-se, de fisga em mão, tentando apanhar pássaros.Mais abaixo, um grupo de mulheres acendia uma fogueira, para adiantar o almoço, enquanto a mula pastava. ”Estamos a recriar quadros etnográficos para reconstituir o modo de vida dos nossos avós”, sintetizou Luís Filipe, director do grupo, referindo-se ao período entre os finais do século XIX até aos anos 30/40 do século XX.O objectivo, por um lado, é mostrar às pessoas que o grupo não se resume ao traje nem às danças e, por outro, enriquecer o próprio grupo ”enquanto escola de tradição da vida”, disse o dirigente ao JT. Durante as recriações foram gravadas imagens, estando os dirigentes do grupo a pensar em realizar um trabalho audiovisual com esta e outras iniciativas, como as descamisadas.À tarde, decorreu a sessão solene de comemoração dos 24 anos. A escolinha de folclore actuou, seguindo-se a entrega dos barretes de ouro, prata e bronze, aos mais pequenos. Foi ainda apresentado um vídeo da deslocação do grupo aos Açores, entre os dias 27 de Julho e 3 de Agosto.
