24 novembro 2012

LITEIROS: "Ceifeiros" comemoraram mais um aniversário

“Ceifeiros” de Liteiros recriaram apanha da azeitona em dia de aniversário
A direcção do rancho folclórico ”Os Ceifeiros” de Liteiros teve a ousadia de fugir ao convencional nestas coisas de aniversários e, além da habitual sessão solene de comemoração da efeméride (que naquela casa é mais do que isso), foi para a rua fazer um trabalho digno de ser vist a recriação da apanha da azeitona, com almoço no campo.

Foi no domingo, dia 18, a meio da manhã, que Liteiros regressou ao passado, com a recriação de uma jornada de apanha de azeitona. A iniciativa decorreu na fazenda da ”avó São”, situada perto da fronteira de Liteiros com Cardais. Antes da recriação foi feito uma espécie de ”briefing”, em que foram atribuídas tarefas aos elementos do grupo folclórico.
Instruções dadas, foi tempo de colocar mãos à obra, partindo o rancho de pessoas para a fazenda, ao som da cantiga ”Oliveirinha da serra”.Os mais pequenos subiram para a carroça, puxada por uma mula, que transportava ainda alguns bens necessários para a jornada. A pé, os homens empunhavam varejões, carregavam o escadote e transportavam outros equipamentos necessários e as mulheres levavam o farnel.Junto ao olival (onde só havia uma oliveira carregada, as restantes já tinham sido limpas) o pessoal dispersou e encarregou-se de efectuar a tarefa a que lhes estava destinada.Os homens trataram da apanha da azeitona: ”Está carregada. ‘Panta’ aí os panos”, ordenava um homem. ”Quem ‘arrepinha’ a azeitona com as mãos ?”, questionava pouco depois o mesmo homem, quando sobre os panos já havia ramos de oliveira caídos, com bagos de azeitona.Metros ao lado, um grupo de mulheres apanhava a azeitona que estava caída no chão e, enquanto os trabalhos decorriam, algumas crianças entretinham-se, de fisga em mão, tentando apanhar pássaros.Mais abaixo, um grupo de mulheres acendia uma fogueira, para adiantar o almoço, enquanto a mula pastava. ”Estamos a recriar quadros etnográficos para reconstituir o modo de vida dos nossos avós”, sintetizou Luís Filipe, director do grupo, referindo-se ao período entre os finais do século XIX até aos anos 30/40 do século XX.O objectivo, por um lado, é mostrar às pessoas que o grupo não se resume ao traje nem às danças e, por outro, enriquecer o próprio grupo ”enquanto escola de tradição da vida”, disse o dirigente ao JT. Durante as recriações foram gravadas imagens, estando os dirigentes do grupo a pensar em realizar um trabalho audiovisual com esta e outras iniciativas, como as descamisadas.À tarde, decorreu a sessão solene de comemoração dos 24 anos. A escolinha de folclore actuou, seguindo-se a entrega dos barretes de ouro, prata e bronze, aos mais pequenos. Foi ainda apresentado um vídeo da deslocação do grupo aos Açores, entre os dias 27 de Julho e 3 de Agosto.


Por:
Élio Batista